segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Prestem atenção!

    Há meses que se fala em TGV e em aeroporto, uma forma (talvez a única para os senhores deputados) de desenvolver o país, de fazê-lo evoluir, de trazer mais turistas e exportar mais produtos. É um eufemismo para dizer "o país está em crise e precisamos de soluções rápidas para descalçar esta bota que nós próprios calçámos". Pois é senhores deputados, deviam ter pensado nisso antes de a calçarem.
    Com a dívida pública a rebentar pelas costuras e o orçamento de estado a pedir ainda mais sacrifícios aos que acordam às seis da manhã para começarem o trabalho às oito e, que nem têm algumas horas para dialogar com a família, querem pedir ainda mais sacrifícios para trazer para cá mais um comboio que, só porque anda mais depressa, poderá trazer benefícios?
    Discordo totalmente destas duas opções a que chamam de desenvolvimento. Será ironia dizer que poderiam construir casas nesses locais para aqueles que dormem na rua todas as noites e que, poderiam contentar-se com um passeio de metro, quanto mais de TGV?
    O défice, por exemplo, esse homem invisível que nos tortura o orçamento familiar, para esse sim, os senhores deputados deviam procurar solução, porque é esse que entra no bolso de todos nós e nos rouba, e saliento o "rouba" (porque roubar é isso mesmo, tirar algo sem justificação, ou melhor, sempre com a mesma: a maldita crise).
    Aquilo que penso sobre estas obras, pouco importa aos senhores deputados, porque desde que o dinheiro para as fazerem saia do nosso bolso e não do deles, tudo bem! "Avancem com as obras que o Zé Povinho paga"!
    "Estamos no século XXI meus caros! É preciso evoluir!", dizem lá no parlamento. Mas não se lembram de evoluir nos sentidos correctos, como por exemplo, começar por cortar no ordenado dos políticos ou dos jogadores de futebol, que ganham milhões por correr atrás de uma bola, enquanto que os operários ganham tostões a dar o seu máximo para puxar baldes de cimento e areia.
    O TGV e o aeroporto são só mais duas obras públicas! E públicas porquê? Porque é a nós que nos vêm ao bolso para as fazerem. São só mais duas que daqui a uns anos, vamos vê-las de longe e dizer: "Estas estruturas foram as responsáveis por aquela altura de crise no nosso país e pelo aperto de cinto que tivemos de fazer lá em casa".
    Senhores deputados, não pensem tão alto, mas pensem, sim, naqueles que estão bem lá em baixo: no poço da miséria!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Alguém muito especial (crise nostálgica)!

    Cada vez que te vejo é especial! O teu olhar fascina-me. Apesar das escolhas diferentes que fizemos na vida, o teu sorriso e o teu mau-humor (de vez em quando), continuam bem presentes na minha memória.
    Todos os dias quando chegava à escola eras a primeira pessoa que eu queria ver, eras a primeira pessoa a quem queria dizer Bom Dia! Mas às vezes isso não bastava! Tínhamos que ficar horas a falar, para por a conversa em dia, e quando não dava para falar tínhamos de recorrer à velha técnica do bilhetinho que passa de mão em mão até chegar ao destino. As aulas eram assim! O bilhete percorria quase a sala toda, dava meia volta enquanto respondias e a seguir voltava pelo mesmo caminho, e eu à espera da resposta (sempre ansiosa)! Foram, talvez, os melhores tempos da minha vida. Tudo parecia complicado nessa altura, mas agora chego à conclusão de que nós é que adorávamos complicar tudo para termos mais um motivo para discutir, chatearmo-nos um com outro, só para depois sorrirmos e fazermos as pazes!
    Era assim o nosso dia-a-dia!
    Hoje, que tenho saudades, tentei colar todos os bocadinhos que restam da nossa amizade, mas a ausência desgastou tudo... Nada voltará a ser como dantes.
    Mas há algo que ficou e ficará para sempre: o friozinho na barriga quando sinto os teus olhos olharem nos meus!
És e serás sempre especial :)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Sem cor!

   Hoje sinto-me SEM COR!

Destino?!

    "É o destino!", é esta a frase que tantas vezes se ouve vinda de bocas crentes na acção divina!
Acredito que cada um de nós tem um local e uma hora para nascer, um locar e uma hora para chorar e até um local e uma hora para morrer. É certo que, ao longo da vida, fazemos escolhas, tomamos decisões, procuramos os nossos caminhos, mas essas escolhas, decisões e caminhos já estavam traçados, escritos em algum lugar.
    Quanto às paixões, aquelas que nos fazem sorrir (ou até chorar de alegria) aquelas fortes que marcam a caixinha de recordações da nossa vida, essas sim, são escolhidas para viver!
    A minha paixão pela vida, pela escrita, pela natureza, pelas crianças... são essas as minhas paixões que, apesar de escolhidas por mim, não deixam de estar desenhadas à anos. Estava desenhado que iria viver, estava desenhado que iria escrever aquele texto sobre aquela criança que estava a chorar naquele pátio (eram aqueles traços e não outros!). Tudo isto estava escrito. Por quem? Não me atrevo a dizê-lo, mas foi, com certeza, alguém com bastante imaginação, para desenhar traços tão abstractos que se iriam transformar em algo tão concreto.
    As minhas paixões são escolhidas por mim, disso não tenho qualquer dúvida! Mas, tenho a certeza que sou, também eu, um joguete nas mãos do destino!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Música é vida!

    Memórias, sentimentos, pensamentos que ocorrem quando o coração fica nostálgico... Qualquer momento da sua vida ficava marcado com uma melodia diferente! Os olhos castanhos cor de mel bailavam ao som daquela música terna e cheia de componentes que pintavam o seu coração de um azul céu, ou seria um preto incompreendido? Fiquei sem saber, porque apenas recordava e contava antiteticamente o que a música lhe fazia lembrar.
    Acredito que, cada passo que damos, cada olhar que lançamos, cada sentimento que oferecemos, corresponde inteiramente a uma música que nos possa descrever esse passo, esse olhar, esse sentimento. Mas não aceito! Não aceito, de forma alguma, que essa música me prenda a um momento e, principalmente, que não me deixe sair dele, para que eu possa ligá-la a outro acontecimento da minha vida.
    Tenho exemplos de músicas que, de vez em quando, se lembram de me mostrar o quão bom foi o momento em que pensei nela. E aí penso que, talvez, seja bom ter uma música ligada à memória.
    Mas por outro lado pode ser a música que estava a tocar no momento mais triste da minha vida. E essa sim, essa gostaria que me soltasse e que me deixasse escolher outro momento para ouvi-la.
    É mesmo assim! A música agarra-se a nós como lapas e é por isso que tudo o que nos prende ao passado é incontrolável.
    Sou o que sou com a minha música. Sem ela, nada seria!

Aula de Português (:

domingo, 3 de outubro de 2010

Ontem, Hoje e Amanhã

    Uma síntese do que fui ontem: pedra moída que se confunde nas pedras da calçada, uma mentira perfeita que não sofria por nada.
    A mistura que sou hoje: uma espécie de memória prolongada por alguém sofrida e deveras esquecida.
    A clareza que terei amanhã: nada confundido com o que poderia ter sido, memória perdida, qual quadro pintado a nu. Não posso fazer nada, porque nada sempre fui.