segunda-feira, 5 de março de 2018

à procura de ti

É como se um grão de areia tivesse saído sozinho da sua praia e tivesse ido parar a lugares distantes que não os seus.
Pela primeira vez, as ondas eram maiores e todo o medo que sentira durante a viagem atribulada, cheia de ventos, subida e descida de marés, desapareceu assim que a nova praia o abraçou. Meio perdido, sem saber o que sentir, não se aproximou demasiado. Talvez pelo medo de que a maré o voltasse a levar e que mais uma vez deixasse para trás todos os grãos a quem um dia se deu. Continuou por ali, um dia após o outro, sempre com esperança de que aquela fosse a sua praia para sempre.
Foi partilhando o areal com novas forças que vieram também de praias distantes, no entanto sempre com a memória de todas as maresias e luares por onde passara.
Somos nós assim... pequenos grãos, às vezes meios perdidos, sem grande noção de que a maré nos pode levar. Continuamos sempre a aguardar para ir ter à praia que merecemos e onde as melhores ondas nos esperam.