quarta-feira, 29 de junho de 2016

tempo

sobre o tempo fazer-se lento
peço só que não voltes para cá
que te esqueças do tempo
que vás e não voltes mais
peço mais do que podes fazer
sacrifico o tempo que gastei
tempo que apenas não perdi
por saber demais o que senti

terça-feira, 28 de junho de 2016

o outro lado

e aos poucos, sem ter medo
descobres o novo lado
que se mostra envergonhado
segredando ao ouvido
o que por agora fará sentido
o que mais tarde pode ficar
ou desaparecer nas ondas do mar
afundar-se na memória
como simples linhas marcadas
e lágrimas atormentadas
na tua vida, na tua história

terça-feira, 21 de junho de 2016

RESPEITO? QUE ANIMAL É ESSE?

hoje assisti a um momento de pura estupidez humana! ainda estou em choque porque, de facto, é revoltante ver situações de discriminação na televisão mas não se compara em nada com o facto de presenciá-las, mesmo ali à frente dos nossos olhos. são situações que parecem tiradas de um documentário ou de um filme, mas que nos deixam de queixo caído quando chegamos a casa e pensamos "sim, isto aconteceu mesmo".
um pequeno passeio por um parque, que deveria ser protetor em relação ao dia que está a acabar, acabou por se transformar num momento de vergonha pela espécie humana.
dois rapazes, namorados, sentados num banco. foi este o mote para a situação que já estava a acontecer quando cheguei. nenhum deles era português, o que ainda me revoltou mais, já que não se puderam defender. era apenas um casal que provavelmente escolheu uma cidade portuguesa para passar férias. até aqui tudo nos conformes, não fosse o amontoado de pessoas que estava a olhar para eles a alguns metros de distância. para eles e para um 'senhor' na casa dos 30 e poucos anos acompanhado de uma menina com cerca de 8 ou 9 anos.
parei e esperei para ver o que estava a acontecer. tal como imaginei, uma situação clara de homofobia, de discriminação, de preconceito, de ódio.
o 'senhor' tinha um discurso tão estridente, tão desengonçado, tentando justificar a sua discriminação com argumentos como "vocês não encontraram nenhuma 'gaja' que vos pegasse e decidiram juntar os trapinhos foi?". volto a frisar que nenhum dos dois agredidos falava português, pelo menos não o manifestaram, mas perceberam obviamente que se tratava de um discurso de ódio, pelos gestos suburbanos que o 'senhor' fazia. isto tudo acontecia enquanto umas dez pessoas assistiam, como se de uma discussão de vizinhos se tratasse.
quando percebi o que se estava a passar perguntei se já alguém tinha feito alguma coisa. todos acenaram que não, num descarte impressionante. uma mulher da 'plateia' viu que avancei em direção a eles e veio atrás de mim (mas apenas para ver o que eu ia fazer, não para ajudar). questionei a situação e o 'senhor' insultou-me também e virou-me as costas. dirigi-me aos rapazes e com o meu fraco inglês ofereci ajuda e indiquei a direção do posto da GNR, que não ficava muito longe. espero mesmo que tenham feito queixa. para o 'senhor' só consegui dizer estas palavras "espero, sinceramente, que um dia a sua filha lhe apresente uma nora e não um genro".
é incrível como as pessoas não têm a mínima noção do ridículo a que se expõem ao ter este tipo de discurso. que pai é este? que educação estará a receber esta criança? como é que esta criança se vai comportar quando crescer? tenho medo, tenho muito medo do rumo que as novas gerações estão a receber. isto acontece todos os dias, em todo o país. o preconceito cega as pessoas.
é o triste de teres de esconder
é saberes o que do lado de lá virá
sabes à partida que vais perder
mesmo assim ganhas a coragem que te falta
e que nunca surgirá.
quebras as barreiras do teu ser
sobes a escada do teu ego
e encontras paz no que menos espera.
despedes-te de uma ideia aflitiva
sufocas o pensamento que te tortura
ganhas asas e voas.

liberdade

sabes o que é ser livre?
sentir o vento bater na cara
prender a respiração no peito
sentir o coração que te amarra
sabes, não sabes?
querer viver no esquecimento
por vias podres de sentir
tão podres de sentimento

domingo, 19 de junho de 2016

é ela

ela tem um sorriso maravilhoso.
ela tem uma gargalhada inigualável.
ela sabe que eu quero uma cerveja mesmo quando digo que não vou beber.
ela faz tudo para conseguir o que quer, mas não faz mal a ninguém para isso.
ela adora os velhotes, mas derrete ao ver uma criança.
ela sabe que eu não gosto de dançar mas acha sempre que me vai convencer.
ela diz que está a sair de casa mas ainda não se calçou nem vestiu o casaco.
ela faz-me esperar duas horas na rua, mas sabe que não me importo, se isso a faz feliz.
ela quer tomar café mas ás vezes diz 'apetece-te mesmo ir?' e aí percebemos que estamos em sintonia.
ela diz que não gosta daquela minha camisola mas eu volto a vestir, e ela volta a dizer que não gosta.
ela diz os disparates mais engraçados sem se aperceber.
ela não chora muitas vezes acompanhada porque acha que deve proteger os outros.
ela é incrível.
ela é bem disposta.
ela é feliz mesmo que por momentos se sinta triste, mas sabe que a balança da vida tende sempre para mais do que para menos.
ela... é a minha melhor amiga.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

morreu alguém?

e sem sequer dar conta
o mundo corre sem parar
com os olhos 'empalados'
sem noção da dor
sem temer o fim
caçando movimentos
de coração em peito aberto

é-se tudo
foge-se de nada

enquanto isso
quem chora vive
quem morre fica em paz.

terça-feira, 14 de junho de 2016

quente

Saboreia como doce
O amargo quente ser
Que sem sequer saber
Corre pensando que fosse
Quente como amor
Ferido sem temer
A história da relíquia
Que jamais irá perder.