quarta-feira, 31 de julho de 2013

clichés

deitamos pra trás das costas aquilo que acreditamos ser apenas uma pequena oportunidade e esquecemo-nos que as oportunidades perdidas são aproveitadas por alguém. é por medo? é por preguiça de lutar? ou é apenas falta de coragem?
cansam as frases feitas sobre isto e aquilo que já toda a gente sabe. o cliché tem lugar dentro de cada um de nós e as frases feitas existem por algum motivo. mas (não fugindo ao cliché) é de cada um de nós que sai a vontade e a força pra não deixar escapar uma oportunidade.
o arrependimento sozinho não faz as oportunidades voltarem pra nós. é preciso muito mais. é preciso força. é preciso sonhar. é preciso estar bem seguro. é preciso querer. é preciso querer muito, pra não deixar fugir mais uma vez.
não é um cliché agarrar uma oportunidade. começa a ser cliché é desperdiçá-las!

quinta-feira, 25 de julho de 2013

sentimentos de mãe

(situação não real)

Nunca irei conhecer-te!
Já sentia o teu coração, o teu respirar, os teus pontapés. Três meses de vivência em comum! O desejo era tão grande de ver a cor dos teus olhos, conhecer as tuas perninhas, os teus bracinhos, o teu sorriso, ouvir o teu choro!
No início posso confessar-te que não eras o meu maior desejo, irias ser um problema inicialmente. Agora posso confessar-te isso, mas não posso dizer que fiquei triste. Sempre quis ser mãe, sempre sonhei ter um bebé nos meus braços e poder dizer a toda a gente “É MEU”.
Mas naquele dia as dores eram horríveis, doía-me ter-te dentro de mim, tinha uma sensação estranha e durante dois dias não te senti. Tive medo!
Confirmou-se o que temia. Já não te tinha! A nossa relação foi cortada mesmo antes de se formar.
A dor continua cá dentro. É tudo muito recente, mas acredito que és meu para sempre e que um dia mais tarde quando tiveres um semelhante a ti, vou dizer-lhe que teve um irmão, mas que não foi possível ter-te connosco.
Despeço-me com as mesmas lágrimas com que decidi, hoje, escrever sobre ti.

silêncio sem pontuação

Pedes que me cale Dizes que falo muito que não percebes o que te digo porque ultrapasso os 300 km/h cada vez que discuto contigo Nada se resolve nem acontece por acaso Tudo tem uma razão de ser Um dia vais pensar porque é que não me deixaste dizer-te tudo aquilo que queria dizer vais querer pedir-me que repita algo a que não deste a devida atenção vais pedir que te ensine a olhar para dentro dos outros como eu te disse que sabia olhar-te por dentro tal como dizia Saramago Um dia vai ser tarde Agora pedes que me cale mas um dia vais pedir que fale e quebre o silêncio mas aí vai ser tarde demais porque o silêncio apoderou-se da velocidade de raciocínio que me roubaste


domingo, 21 de julho de 2013

passado.presente.futuro

tinham passado dez anos. mais precisamente dez anos, dois meses e três dias. ela estava esquecida, mais do que nunca. talvez fossem as preocupações, ou talvez não. o trabalho, a casa, o marido, os filhos, a possível ida para s. tomé. tudo lhe tirava um pouco de sono, mas mesmo assim, tinha tempo para tudo, mesmo que não dormisse.
já estava perto o natal. faltava menos de um mês. o pouco tempo que sobrava entre deixar as crianças na escola, trabalhar, ir buscar as crianças ao atl, não era suficiente para terminar as compras de natal. decidiu guardar um fim-de-semana do início de dezembro para comprar os presentes em falta. estava tudo planeado, o marido cancelou uma viagem a nova deli e os miúdos fizeram os trabalhos da escola todos no atl, na sexta-feira.
chegado o sábado de manhã e as crianças não queriam levantar o rabo da cama. teve de ser o miminho típico da mãe carinhosa a erguer-lhes a vontade necessária para dois dias de centro comercial.
eram 9h da manhã e o pequeno almoço estava servido. as torradas sem manteiga que o marido adorava e os cereais de chocolate para os meninos. apesar da falta de tempo, "sara" sempre achou desnecessário ter uma empregada.
todos prontos para sair de casa e o telemóvel de "samuel" toca. Sara previu que os planos para o fim-de-semana em família iriam por água abaixo e saiu com os meninos para o carro, torcendo o nariz.
confirmou o que temia. reunião de última hora, por causa de mais um negócio de última hora, de mais um cliente de última hora. e na última da hora, trocou mais uma vez a família pelo trabalho.
sara ficou furiosa e saiu de rompante com os filhos, em direção ao centro comercial, ignorando os acenos do marido.
ao chegar ao centro comercial entra na primeira loja e começa a procurar uma prenda para o pai. talvez uma camisa ou um perfume.
ao sair da loja, tendo-se decidido pelo perfume, dá de caras com "manuel". o eterno amor de adolescente. a principio ele não a reconheceu, mas o olhar fixo dela nele, rapidamente desfez as dúvidas e o fez pensar melhor, que aquele olhar seria inconfundível, por mais anos que passassem.
em menos de cinco minutos resumiram dez anos. a carreira, a família, os sonhos,... havia tantos pormenores que escapavam a sara e que tinham de ser esclarecidos, que de imediato trocaram números de telefone e um café ficou combinado para o dia seguinte.
manuel ficou um pouco surpreendido, mas adorou os filhos de sara. aqueles filhos que um dia tinham planeado ter juntos.
no dia seguinte sara apareceu no café um pouco atrasada. tinha deixado os filhos com a sua mãe, para conversar mais a vontade com manuel. puseram toda a conversa em dia. falaram do passado mal resolvido para ambos. manuel nunca tinha aceitado a fuga de sara para o "brasil" quando tinha 18 anos. depois disso nunca mais tinha tido notícias dela. já sara estava mais preocupada em recuperar tempo perdido e saber tudo sobre manuel, ficando a saber que este tinha perdido a sua mulher numa acidente de avião há dois anos atrás. sara, sem saber o que dizer, apenas conseguiu pedir desculpa. talvez pela ausência no momento difícil.
com o afastamento progressivo de samuel, os encontros de sara e manuel foram-se tornando mais regulares ao ponto de sara mentir ao marido quando tinha encontros marcados com manuel, por mais inocentes que estes fossem. na cabeça de sara, nada era inocente, já que o amor que a uniu a manuel em tempos, estava a voltar e cada vez com mais força.
será que dez anos depois sara conseguiria remediar o seu erro? conseguiria ela fazer com que manuel a visse como a rapariga que conheceu?
esta é uma realidade que pode ser vivida por todos nós, que tantas vezes por medo, desistimos daquilo que nos faz mais felizes. sem sabermos se a vida nos dará uma segunda oportunidade num centro comercial, para recomeçar.

terça-feira, 16 de julho de 2013

dias diferentes

são dias em que nem o maior abraço do mundo é capaz de me confortar. sinto-me tão frágil, tão pequena, tão sozinha, que nem a maior multidão me poderia fazer companhia. são dias de angústia, cansaço em que o olhar sucumbe e a felicidade morre, deitando por terra toda a esperança de um qualquer sorriso conquistado. o misterioso medo pelo desconhecido fez-me muitas vezes travar e não descobrir o que me faria mais feliz. pois é... há dias assim!
depois existem outros dias (diferentes), em que descobrimos que há tantos pormenores que podem substituir a fragilidade, a pequenez e a solidão. o sorriso de uma criança é sem dúvida um desses "pormenores". é fácil fazer uma criança sorrir (mais difícil é fazê-la rir). o sorriso delas é sincero, não vêem em nada segundas intenções, olham para o mundo sem maldade e, quem me dera poder prolongar-lhes essa inocência
nos últimos dias tenho tido a maravilhosa oportunidade de conviver com várias crianças, todas elas diferentes, todas elas com sorrisos diferentes, medos e desejos diferentes. a felicidade delas está na capacidade que nós temos de entregá-las ao mundo dos crescidos, com a melhor preparação possível, sabendo que não é só a família e a escola que têm esse papel. somos todos nós que temos o dever de preparar o futuro que queremos para o nosso mundo. e se as crianças não forem educadas com base no amor, no respeito, na amizade, dificilmente teremos um mundo civilizado.
pudesse eu conhecer o mundo dos adultos mais cedo, e teria escolhido ser criança pra sempre...

domingo, 7 de julho de 2013