quarta-feira, 23 de setembro de 2015

terça-feira, 22 de setembro de 2015

'somos o lugar que nos falta'

    posso correr mundo, conhecer todas as cidades. posso conhecer todas as pessoas, amá-las, guardá-las para sempre no mais íntimo de mim. posso visitar os lugares mais especiais e conhecidos do mundo ou procurar a serenidade dos recantos mais escondidos. posso sentir-me de mil lugares, de mil pessoas, como gosto de me dar, por completo. posso perder todos os medos, corrigir todos os erros e ganhar todos os sonhos. posso gritar ao mundo que estou aqui, pronta para viver o que vier.
    posso... posso... posso! porque sei que vá onde for, com quem for e pela razão que for, poderei voltar sempre. para as minhas pessoas, para os meus amores, para o meu lugar.

se eu fosse refugiada...

    sim, não posso fazer ideia do que estas pessoas estão a passar, não sinto na pele a dor, a angústia, o terror que eles sentem. mas posso imaginar. tal como imagino como seria se ganhasse o euromilhões. de poucas coisas somos livres, ao menos que imaginar seja de graça.
    costumo ser crítica em relação a este tipo de assuntos. crítica o suficiente para escrever algumas palavras. no entanto só hoje é que consegui reunir as minhas ideias e chegar a algumas conclusões.
apesar de não estar bem a par dos 'dados dos refugiados' (tudo é um número), sei que são milhares. milhares os que morrem, milhares os que sobrevivem e raros os que vivem. são bebés que deviam estar ao cuidado dos pais e jamais separados deles, crianças que deviam estar a crescer num ambiente saudável, longe de guerras, adolescentes que deviam estar a aproveitar a melhor fase da sua vida, adultos que deviam estar a aproveitar a vida e a serem felizes (a utopia da dignidade humana), idosos que deviam estar a gozar a sabedoria que ganharam com a vida. em vez disso, passam dias e dias a andar, a fugir, sem comer, a ver alguns dos seus a ficarem para trás sem sequer poderem dizer adeus dignamente...
    e depois pergunto-me como é possível dizer-se que TODOS eles são terroristas, TODOS eles querem aproveitar-se da boa vontade dos países que os acolhem. o que é isto? que pessoas são vocês? que humanos são vocês que acham que uma criança de meses pode ter intenções terroristas?
    todos temos direito a indignar-nos com a situação que vivemos atualmente em Portugal, a dizer que estamos em crise, que temos muitos sem-abrigo que precisam igualmente de um refúgio. é verdade. e eu também sou uma indignada. agora acreditem, fico mais indignada ainda por ver que as pessoas que criticam o apoio aos refugiados são pessoas que nunca mexeram uma palha para ajudar quem quer que fosse. é porque eles são estrangeiros? a isso chama-se xenofobia.
    ajudar os refugiados não é uma despesa supérflua. uma despesa supérflua é pagar reformas milionárias, é pagar ordenados milionários. não digam que a culpa de os sem-abrigo não terem o que comer e onde viver é dos refugiados. esses ainda agora chegaram. a culpa é de muitos que já cá estão há muito tempo.
    se eu fosse refugiada, bradava aos céus por uma mão estendida.