segunda-feira, 19 de novembro de 2018

amanhã?

um dia depois do outro e parece que tudo corre. nem os rios nem o mar esperam por nós. podiam deixar-nos sossegar o coração pelo tempo de um beijo. quem sabe os lábios façam o milagre da multiplicação dos minutos. talvez o tempo não passe e a esperança de um dia melhor não se apague. talvez amanhã os quilómetros sejam menos. ou até o medo ganhe as asas que outro anjo levou. mas amanhã é longe e sei lá... sei lá o que me fazes sentir. sei o que sinto hoje... e gosto. e quero. e penso. e tento. e espero. e volto a querer(-te). a verdade é que me és. a verdade é que amanhã podemos cá não estar. e então, de que valeu esperar?

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

as minhas pessoas

já sabem o quanto gosto de pessoas e o quão importantes são para mim as minhas pessoas, as pessoas da minha vida.
há dias em que me esqueço de lhes dizer que me fazem falta, que me sinto bem com elas por perto e o que me custa tê-las longe. a correria poderia ser a desculpa perfeita, mas não chega... e já passou de moda. não costumo ligar todos os dias a perguntar como estás, a dizer que o meu dia correu bem e a perguntar pelo teu. mas é assim que sou. que se há-de fazer? o principezinho também dizia que "cativar significa criar laços". é tão raro as pessoas hoje em dia criarem laços, amar, sacrificar uma hora de televisão por uma hora de conversa com um amigo.
o dia pode ser muito preenchido, mas há sempre tempo para um "gosto de ti", para um "amo-te", ou um "fazes-me falta" ou até "vai à merda por não me ligares nenhuma". há sempre tempo, nem que seja no meio da rua, à frente de todos. vergonha de quê? em algum momento todos o sentimos. mas nem todos têm a capacidade de o passar para nós. eu tenho a sorte de ter pessoas que são capazes. são as minhas pessoas. elas deitam-se descansadas na almofada e dormem bem. e eu também. porque as tenho.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

para ti

de olhos brilhantes
sorriso envergonhado
um jeito ternurento que me sufoca o peito
cada olhar estremece-me
a cada abraço tremo
tenho o mundo nas mãos
tanta segurança.
um sussurro ao ouvido
uma surpresa a cada minuto
um coração apertado ao longe
uma vontade de quebrar caminhos
de os fazer encurtar-se
o querer respirar-te.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

um coraçãozinho a bater

tão frágil que me pareces, mas com a força de um guerreiro a apertar o meu dedo. quase acredito que a tua expressão é um sorriso para mim, uma forma de dizer que queres o meu coração perto do teu para toda a vida. é estranha a sensação de te pegar ao colo e sentir o teu coraçãozinho a bater tão depressa, a tua respiração ofegante, como que à procura de tudo o que o mundo tem para te dar. és tão pequenino ainda, mas já sei que vais dar-me as maiores alegrias e fazer-me sentir babada a cada beijinho que te dou e a cada gargalhada que me deres. de facto há coisas na vida que só se sentem no momento em que as vivemos. esta é uma delas. um amor maior e diferente de qualquer outro. uma vontade de te pegar ao colo e não te largar. uma sensação de pequenez que me faz sentir mais pequena que as tuas pequenas mãozinhas. uma alegria que me faz ecoar na cabeça a combinação das palavras "Tia" e "Filipa". há amores assim. é deles que me alimento.

domingo, 17 de junho de 2018

se a promessa fosse feita ao meu futuro,
não faltaria varinha de condão.
brilho e luz desprendida no escuro
assombrado pelo presente de escuridão.
cantado a vozes finas e suaves,
rosadas por pobres de fé,
quem saberia o quão graves?
quem saberia quem é?
soberba vontade de declamar
fanática voz de semblante
quem mais poderia eu amar?
quem mais senão meu amante?

segunda-feira, 5 de março de 2018

à procura de ti

É como se um grão de areia tivesse saído sozinho da sua praia e tivesse ido parar a lugares distantes que não os seus.
Pela primeira vez, as ondas eram maiores e todo o medo que sentira durante a viagem atribulada, cheia de ventos, subida e descida de marés, desapareceu assim que a nova praia o abraçou. Meio perdido, sem saber o que sentir, não se aproximou demasiado. Talvez pelo medo de que a maré o voltasse a levar e que mais uma vez deixasse para trás todos os grãos a quem um dia se deu. Continuou por ali, um dia após o outro, sempre com esperança de que aquela fosse a sua praia para sempre.
Foi partilhando o areal com novas forças que vieram também de praias distantes, no entanto sempre com a memória de todas as maresias e luares por onde passara.
Somos nós assim... pequenos grãos, às vezes meios perdidos, sem grande noção de que a maré nos pode levar. Continuamos sempre a aguardar para ir ter à praia que merecemos e onde as melhores ondas nos esperam.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

sentidos

quebrados os tempos
corre acima das estrelas
é o segredo em que podes derreter-te
cabe ao medo não te prender
ser tudo, não é o que engrandece
é ser o pouco que te precisam
não deixar ir por entre os dedos.
tanto que o amor cresceu
da massa que somos feitos
não se dá voz a mais nada
senão ao que já ouvimos
"o destino que se cumpriu".

sábado, 13 de janeiro de 2018

para maiores de 18

que as gerações vão mal e em nada se recomendam, já todos sabemos. é um mal geral (apesar das felizes exceções).
de algum tempo para cá, tenho ouvido algumas vezes (mais do que as que gostaria) os nomes D4rkFrame, SirKazzio, Wuant, GatoGaláctico, Ovelha Nigga, Windoh e Nuno Moura. a princípio ainda pensei que fossem personagens de uns quaisquer desenhos animados, de uma série da televisão, de um qualquer canal da Disney... depois, uma criança de 11 anos mostrou-me quem eram estes imbecis. são seres acéfalos que se juntaram numa casa de luxo (milionária) da margem sul, onde acreditam que trabalham. ora a definição de trabalho para estes seres é gravar vídeos para o YouTube, com peripécias do dia a dia, sendo estes filmes, tudo menos educativos. é uma casa que vive do maior calão que possam imaginar (em dez palavras, nove são asneiras). a bem dizer é uma Casa dos Segredos feita especialmente para chamar a atenção de crianças (sim, uma pessoa com 11 anos é uma criança e não pode ver uma coisa daquelas!!!), com conteúdos sobre pequenas experiências, partidas perigosas, entre muitas outras imundices. consegue ser pior que a Casa dos Segredos, uma vez que está disponível a qualquer clique de telemóvel, tablet ou computador (mesmo para os filhos dos pais que achavam, e muito bem, a Casa dos Segredos uma pouca vergonha). é impressionante ver como os miúdos esperam ansiosamente pelo próximo vídeo e veneram a figura energúmena daquele Wuant (que segundo percebi é o rei lá do sítio). qualquer herói, qualquer exemplo que os miúdos apontem como algo a seguir, será uma destas personagens: pessoas que são pagas para não fazer nada, que são pagas para destruir a sanidade mental dos mais pequenos.
tudo isto é só uma amostra. convido-vos a dar um saltinho ao YouTube e procurar por estes acéfalos. vão ficar incrédulos com o quão pior é o panorama do que o que aqui descrevi.
e por favor!!!!! vejam o que os vossos filhos andam a ver na internet!

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

e o tempo responde ao tempo...

passamos a vida a reclamar de que o tempo é pouco, que não o temos sequer para nós, para os nossos, para sermos nós e nós com os nossos.
sofremos daquele medo incontrolável de perder os que amamos, mas que tempo passamos com eles? quantas passagens de ano terão de vir para termos a resolução certa para decidir passar tempo com os amores das nossas vidas? quantos amores da nossa vida teremos de ver partir até cairmos na realidade de que não somos eternos e que a vida num instante se acaba? tu que lês, já disseste hoje aos amores da tua vida o quanto os amas? já lhes disseste que precisa deles na tua vida, que estás com eles, mesmo que não tenhas tempo? que o teu colo vai estar sempre livre quando precisarem, mesmo que não tenhas tempo? diz-lhes, mesmo que não tenhas tempo.
há de chegar o dia em que toda a vida nos passará diante dos olhos. nesse dia, desejaremos ter tempo para dar mais tempo ao tempo que, sem saber, sempre tivemos a mais. aí, teremos todo o tempo do mundo. de que nos servirá?

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

querido 2018...

chegaste suave e doce, cheio de exigências, com tanto pra dar. acomodaste-te ao lado da prateleira da cozinha, num pedaço de papel cheio de números. trazes provas de que ao tempo ninguém o segura.
tenho também eu alguns pedidos a fazer. começo por lembrar que não deves vir com grandes pressas, porque há muito para fazer. quero que tragas alguma paz (principalmente interior), que a saúde não falte ou em caso de distração, trates do assunto com brevidade, que me permitas continuar a amar incondicionalmente os que se cruzam comigo, que me deixes continuar a ver os outros como o alvo do melhor que tenho para dar, que me consoles quando as tempestades chegarem e eu tiver medo da trovoada, que sejas sinónimo de constante mudança, mas também de equilíbrio, que tragas a esperança de conquista dos meus delírios, que sopres a favor dos meus desejos.
era só isto querido 2018, podes continuar a correr, como gostas de fazer.