segunda-feira, 29 de agosto de 2022

sobre o tempo

Com o tempo aprendemos que o nosso valor é aquele em que acreditamos e não aquele que sentimos que nos dão.

Com o tempo vemos melhor aquilo de que somos capazes e o quão bons somos naquilo que fazemos.

Com o tempo aprendemos a relativizar as más palavras e a falta de empatia.

Com o tempo ficamos a saber que só os nossos é que nos podem valer.

Com o tempo percebemos onde fazemos falta e onde somos dispensáveis.

Com o tempo aprendemos quem somos. E isso só o tempo nos pode dar e tirar.

quarta-feira, 20 de julho de 2022

A felicidade ainda não subiu de preço

 Não é difícil fazer alguém feliz.

Para mim por exemplo basta um bom dia, um abraço apertado sem razão, um sorriso. Ah sim, um sorriso! Um sorriso sincero ou envergonhado, um sorriso de felicidade ou de gratidão. É tão fácil e não custa nada, nem um cêntimo.

Passamos a vida a ganhar dinheiro para dar aos outros, para os fazer felizes, quando depois guardamos para nós o que de melhor temos e o que de melhor lhes podemos dar. Que sentido faz guardar para nós as palavras bonitas, os sorrisos rasgados, os obrigados? Que sentido faz que um presente valha mais do que uma palavra de carinho ou de conforto?

Nenhum sentido. E o sentido da vida, de facto, continua a ser "dar sentido às vidas com que nos cruzamos".


segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

perdão

sobre o perdão, não nos ensinam como nem quando. dizem-nos que é o melhor, o mais certo e saudável, mas não nos dizem como nem quando. ensinam-nos que alivia, que nos torna melhores, mas não nos dizem como nem quando.

só sabemos que é possível chegar-lhe, em bicos de pés. que é uma forma superior de reagir ao desgosto e à tristeza, mas nem como nem quando.

eu vi-o, lá bem alto. sei que ele está lá. que o posso colher e oferecer. só não sei como nem quando lhe poderei chegar.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

o tempo que nos resta

o medo de sermos esquecidos faz-nos passar boa parte da vida a lembrar que seremos perdidos.

passamos os dias todos tão ocupados, sem nos ocuparmos de nós, sem nos ocuparmos do que realmente importa, aquilo que deixamos quando de nós apenas restarem saudades e recordações.

passamos a vida a adiar palavras, sentimentos, a evitar dar-nos e a evitar abrir o nosso coração, para receber o que ele mais procura.

a rotina deixa pouco espaço vazio. sobra pouco para tanto. e o tanto parece tão pouco.