Falar sobre o sentido da vida talvez
seja mais fácil do que encontrá-lo. Podemos olhar para o sentido da vida em
dois sentidos: o do seguimento, da trajetória, do caminho que percorremos (“por
onde” vamos na vida) ou então, o sentido enquanto significado e valor que lhe
damos (“como” vamos na vida). Um e outro cruzam-se no momento em que decidimos
procurar por onde, e de que maneira seguir. A procura pelo sentido da vida é um
assunto particularmente controverso, porque é, sem nos apercebermos, o que nos
faz viver, mas vejamos que o Homem é um ser insatisfeito por natureza e vive
dependente das suas procuras e dos seus encontros.
O sentido da vida não é uma meta
que queremos alcançar – ou pelo menos não devia ser, sob pena de nunca lá
chegarmos –, é um caminho que devemos percorrer. E é nesse caminho que vamos
encontrando o que precisamos. Por exemplo, por vezes é preciso encontrar no
mundo de alguém o que falta no nosso. E porquê? Porque somos apenas um grãozinho de uma praia maior. Porque o
nosso caminho é feito de pessoas e são as pessoas que fazem o nosso mundo. São
as pessoas e aquilo que representam para nós, aquilo que nos dão e que damos,
porque a melhor forma de nos darmos aos outros não é com base no que somos, é
com base no que eles são para nós.
Muitas pessoas que nos chegam
passaram toda a sua vida na busca por um sentido, por algo que nem sabiam se
existia e, chegada a reta final, esta incerteza desgasta-os. É isto que lhes
causa sofrimento, mais do que a dor, é o medo de não terem vivido ou de terem
vivido enganados. Para nós, enquanto profissionais, o sentido da vida também
passa por dar sentido a estas e outras vidas. O nosso papel também é
recordá-los de que viveram com um propósito e que fizeram e fazem a diferença
na vida de alguém. É o que procuramos todos os dias, em cada gesto, em cada
palavra, em cada olhar, em cada afeto.
O sentido da vida é, portanto,
tudo o que nos mantém vivos, é a flor que ainda não cheirámos, é o gelado que
ainda não provámos, é a viagem que ainda não fizemos, são as pessoas que
amamos, são os sonhos que ainda não concretizámos e aqueles que já nos fizeram
felizes, é o carinho que damos, que nos dão e aquele que ainda está em dívida.
É tudo aquilo que nos acompanha na caminhada da vida.
Tropeçamos algumas vezes, e
também caímos, questionamos a existência do ser superior em que tanto cremos.
Um pai vê partir o seu filho, uma esposa vê partir o marido, antes mesmo de
viver o amor que juraram. Que sentido é que isto faz? Que ordem anti natura é esta? A revolta toma conta
de nós. Que sentido é que se dá à vida, numa vida assim? É o mundo a medir
forças connosco? A testar até onde podemos ir? Perder, é inaceitável para quem
ama. É aqui, é nestes momentos que mais questionamos o sentido da vida. Questionamos
se ele realmente existe…
À medida que os anos vão passando
e que a vida nos surpreende, cabe a cada um de nós procurar caminhos, encontrar
respostas, fazer escolhas, agarrar experiências que nos enriqueçam, procurar
dar-nos mais, fazer mais, fazer melhor, procurando tudo o que nos faça sentido
– o sentido da vida!
Só quem fizer esta caminhada descobrirá o seu
propósito, porque o sentido da vida é ir encontrando, na vida, algo que faça
sentido.