segunda-feira, 16 de maio de 2016

Se há, não sei

Se houve, um dia saberei

Se houver, esperarei

Como me ensinaste tanto

Como me mostraste tanto

Como te sentiste tão minha

Sem ser um nada

Sem ser uma sombra

Sem ser uma amiga

Sendo apenas tu

Sendo apenas minha

Sendo apenas tudo

quarta-feira, 4 de maio de 2016

o sentido da vida

    Falar sobre o sentido da vida talvez seja mais fácil do que encontrá-lo. Podemos olhar para o sentido da vida em dois sentidos: o do seguimento, da trajetória, do caminho que percorremos (“por onde” vamos na vida) ou então, o sentido enquanto significado e valor que lhe damos (“como” vamos na vida). Um e outro cruzam-se no momento em que decidimos procurar por onde, e de que maneira seguir. A procura pelo sentido da vida é um assunto particularmente controverso, porque é, sem nos apercebermos, o que nos faz viver, mas vejamos que o Homem é um ser insatisfeito por natureza e vive dependente das suas procuras e dos seus encontros.
    O sentido da vida não é uma meta que queremos alcançar – ou pelo menos não devia ser, sob pena de nunca lá chegarmos –, é um caminho que devemos percorrer. E é nesse caminho que vamos encontrando o que precisamos. Por exemplo, por vezes é preciso encontrar no mundo de alguém o que falta no nosso. E porquê? Porque somos apenas um grãozinho de uma praia maior. Porque o nosso caminho é feito de pessoas e são as pessoas que fazem o nosso mundo. São as pessoas e aquilo que representam para nós, aquilo que nos dão e que damos, porque a melhor forma de nos darmos aos outros não é com base no que somos, é com base no que eles são para nós.
    Muitas pessoas que nos chegam passaram toda a sua vida na busca por um sentido, por algo que nem sabiam se existia e, chegada a reta final, esta incerteza desgasta-os. É isto que lhes causa sofrimento, mais do que a dor, é o medo de não terem vivido ou de terem vivido enganados. Para nós, enquanto profissionais, o sentido da vida também passa por dar sentido a estas e outras vidas. O nosso papel também é recordá-los de que viveram com um propósito e que fizeram e fazem a diferença na vida de alguém. É o que procuramos todos os dias, em cada gesto, em cada palavra, em cada olhar, em cada afeto.
    O sentido da vida é, portanto, tudo o que nos mantém vivos, é a flor que ainda não cheirámos, é o gelado que ainda não provámos, é a viagem que ainda não fizemos, são as pessoas que amamos, são os sonhos que ainda não concretizámos e aqueles que já nos fizeram felizes, é o carinho que damos, que nos dão e aquele que ainda está em dívida. É tudo aquilo que nos acompanha na caminhada da vida.
    Tropeçamos algumas vezes, e também caímos, questionamos a existência do ser superior em que tanto cremos. Um pai vê partir o seu filho, uma esposa vê partir o marido, antes mesmo de viver o amor que juraram. Que sentido é que isto faz? Que ordem anti natura é esta? A revolta toma conta de nós. Que sentido é que se dá à vida, numa vida assim? É o mundo a medir forças connosco? A testar até onde podemos ir? Perder, é inaceitável para quem ama. É aqui, é nestes momentos que mais questionamos o sentido da vida. Questionamos se ele realmente existe…
    À medida que os anos vão passando e que a vida nos surpreende, cabe a cada um de nós procurar caminhos, encontrar respostas, fazer escolhas, agarrar experiências que nos enriqueçam, procurar dar-nos mais, fazer mais, fazer melhor, procurando tudo o que nos faça sentido – o sentido da vida!
    Só quem fizer esta caminhada descobrirá o seu propósito, porque o sentido da vida é ir encontrando, na vida, algo que faça sentido.