sábado, 14 de novembro de 2015

li algures que a melhor homenagem é chorar por quem não se conhece. foi qualquer coisa do género.
esta é talvez a melhor verdade que ouvi durante os últimos tempos. é daquelas verdades que conhecemos mas que não temos a capacidade de expor em palavras. depois da barbárie que aconteceu ontem, só me sobravam lágrimas. à medida que as notícias circulavam tinha cada vez mais vontade de chorar. tantos pais que ficaram sem os filhos, tantos filhos sem pais, tantos amigos que vão ficar revoltados porque perderem os seus num caos que ainda não sabem muito bem o que foi. tantos amores que se perderam. tanta felicidade morta. tanto mundo perdido.
queria ter o poder de mudar o mundo. sempre o tive e hei de morrer com esse desejo. no intervalo, vou mudando o que posso.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

sufoco

aí prostrado. completamente calado. estás sentado na frente da tua lareira querida, a tua companheira de todas as horas frias. daria milhões pelos teus pensamentos. pensas em que? tens medo?
é um sufoco, uma impotência tremenda querer que me olhes e que me fales e saber que não to posso exigir. é aflitivo ver o que eles fazem pra te fazer bem, mas nada resulta. estás perdido no teu mundo e algo me diz que essa doença não te vai devolver a nós.
ainda estou meia atarantada com a forma como te vi. em dois dias deixaste de ser o meu avô e passaste a ser um corpo frágil e escanzelado com uma alma vazia.
só me pergunto se algum dia serás como antes e me verás como sou.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

o meu pedaço de céu, hoje com purple rain

uma noite fresca. não o frio da neve que se adivinha em invernos rigorosos. uma chuva miudinha refresca os cabelos e o rosto de quem sai de casa desprotegido. um nevoeiro maravilhoso que se mistura com as luzes tornando-as cintilantes. uma 'ghost town' cheia de brilho, o brilho baço que vemos nos sonhos. é este o brilho que me faz perceber o porquê de continuar aqui com o mesmo amor desde que nasci. os corpos passeiam-se a medo, os mesmos corpos cujos sorrisos me cumprimentam e me alegram. os sorrisos que me fazem crer que este será para sempre o meu pedaço de céu.


segunda-feira, 2 de novembro de 2015

mote: a música é o melhor conselho que se pode ouvir.

palavras simples ou mais complexas
despertam estrelas perdidas no olhar
uma melodia suave e quente
poderosamente quente.

tanto significado em palavras
que nem conheço por dentro
faz-me tremer de medo
por momentos desejados.

na dúvida
oiço a música como um suspiro
uma respiração ofegante
um beijo arrepiante no pescoço

uma chama acesa numa noite fria.

domingo, 1 de novembro de 2015

vai...

não é uma questão de escolha, nem de temperamento. é uma questão de tempo. aliás, tudo na vida é uma questão de tempo.
acredito que as pessoas que são minhas serão minhas para sempre. mais que não seja, por serem parte de um passado que quero que faça parte de mim... para sempre, lá está.
tu és uma dessas partes de mim. e serás. fazes parte de um passado que se tornou num presente com demasiadas expetativas de futuro na minha vida. não deixaste que fosse do mundo e que o mundo fosse meu. prendeste-me a uma ideia de que seriamos aquilo que nunca fomos e fizeste-me acreditar que o futuro era o melhor lugar reservado para nós. esperei por esse futuro da melhor forma que consegui. passei por cima dos anos e até acho que não passaram assim tantos. afinal o que são oito quando se tem uma vida inteira? poucos se os virmos para sempre, bastantes se os olharmos como um nunca.
agarrei-me a um nós como desculpa para uma fuga ao meu presente e ao meu futuro. cheguei a querer ser de uma mentira para sempre, mas já não quero mais.
és tu o único que não tem culpa.
agora vai, deixo que vás. mas fica, pra sempre.

sei lá...

como é possível
a estranheza limitar a emoção
e a beleza parar o coração
o olhar sofrer no silêncio
no passar das horas frias
crias ilusões irreais
sentimentos que se anulam
com uma simples visão
o olhar sobre o temor
de perder pra melhor
quebrar o silêncio e aquecer
as horas mortas viver